Ações ligadas a educação sobem até 90%

24/09/2012 20:36

    O sistema de ensino superior do Brasil, segundo dados de 2010 do Inep, tem 2378 instituições de educação superior (IES), dasquais apenas 278 são públicas.

    Isso quer dizer que 88% das IES pertencem à iniciativa privada, leiga e religiosa. Em 2002 havia 1.637 IES: 195 públicas e 1442 particulares Nesse período foram fundadas, respectivamente 83 e 658 públicas e particulares.

É paradoxal essa expansão num país como o Brasil, em que a dsitribuição de riqueza é desigual e é baixo orendimento médio da maioria das famílias com filhos em idade universitária.

Além disso, não temos a cultura dos americanos, que formam uma poupança para pagar os estudos dos filhos.

Mas, apesar das nossas dificuldades sociais, essa expansão é uma realidade concreta e muitos grupos de educação superior apostam alto em seu crescimento nos próximos anos.Os seus investidores nacionais e estrangeiros têm auferido bons dividendos com a valorização das suas ações. Os lucros são altos.

    Apenas um desses grupos teve lucro líquido de R$ 140 milhões no segundo trimestre de 2012, alta de 186% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, e a expectativa negativa de inadiplência é irrisória, praticamente a que observa para as instituições financeiras.

É o governo brasileiro o grande avalista desse negócio da China.

Suas transferências de recursos públicos para as IES privadas, os recursos do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e do ProUni (Programa Universidade para Todos) garantem a rentabilidade desse mercado educacional que já se coloca entre os dez maiores do mundo.

Para determinados setores da sociedade, isso expressa a democratização da educação superior no país a despeito da qualidade do ensino.

    Salvo as honrosas exceções, a grande maioria de IES produz um autêntico derrame de diplomados nas filas de empregos ou nas atividades econômicas informais.

    A Sociedade,vno entanto, necessita se questionar e debater acerca dessa expansão. Qual o papel estratégico que tais IES ocupam no novo projeto de sociedade que vem se desenhando nos últimos anos? Estão comprometidas com a produção de conhecimento com valor agregado para sutentar o nosso atual e futuro desenvolvimento?

Que tipo de cidadãos e quadros estão formando para as nossas Forças Armadas, legislativo, Judiciário, indústria e comércio? que inovações, ciência, tecnologia, compreensões de sociedade e cultura desenvolvem?

O debate é urgente e precisa entrar em pauta já.

(transcrito da folha de São Paulo de 24/09/2012)